Por Antonio Pimenta – Consultor Especialista em Investimentos Imobiliários
É muito comum, no mercado imobiliário, ver os termos “consultor” e “corretor” sendo utilizados como sinônimos. Embora ambos atuem com imóveis e estejam, em muitos casos, devidamente registrados no CRECI, há distinções importantes entre as funções — principalmente quando falamos de quem busca investir estrategicamente e não apenas comprar ou vender um bem.
Como profissional que possui CRECI, mas atua como consultor de investimentos imobiliários, posso afirmar: o foco da consultoria vai além da intermediação. Enquanto o corretor está geralmente ligado ao processo transacional — mostrando imóveis, articulando propostas, emitindo contratos — o consultor atua de forma mais ampla, estratégica e personalizada, focando nos objetivos financeiros e patrimoniais do cliente.
O corretor é peça fundamental no ecossistema imobiliário. Ele conhece bem o mercado, entende os trâmites legais e é habilitado a intermediar negócios. No entanto, sua atuação, muitas vezes, está voltada ao produto: ele vende um apartamento, um terreno, um galpão. Já o consultor atua com foco no investidor: seu papel é entender o perfil de risco, a projeção de renda, o prazo de retorno e a liquidez ideal para cada tipo de investimento. Muitas vezes, o consultor sequer indica imóveis anunciados abertamente no mercado — ele trabalha com oportunidades estruturadas, estratégias de diversificação e até acesso a produtos internacionais.
Outra diferença crucial está na independência da atuação. O corretor geralmente está atrelado a uma imobiliária ou carteira de produtos. O consultor, por sua vez, pode (e deve) trabalhar de forma independente, buscando o melhor ativo para o cliente, independentemente de onde ele esteja. E sim, em muitos casos, o consultor também precisa do CRECI para atuar com segurança jurídica no Brasil — principalmente se ele for também o executor da venda. Mas o ponto principal aqui é que o CRECI habilita, mas não define o modelo de atuação.
Nos últimos anos, especialmente com a profissionalização do setor e o aumento da demanda por diversificação patrimonial, o papel do consultor tem ganhado destaque. Investidores que antes confiavam exclusivamente em bancos ou assessores financeiros agora entendem que o setor imobiliário oferece oportunidades sofisticadas, que exigem análise técnica, planejamento fiscal e visão de longo prazo. É esse olhar que o consultor traz.
Infelizmente, ainda vemos muitas pessoas tomando decisões imobiliárias com base apenas na emoção — seja por uma vista bonita ou uma “oportunidade imperdível”. O resultado? Patrimônio mal alocado, imóveis com baixa liquidez e rentabilidades frustrantes. Por isso, entender a diferença entre um consultor e um corretor pode ser o primeiro passo para um investimento mais consciente e eficiente.
Corretor e consultor não são rivais — são funções complementares. Um bom consultor trabalha com uma rede de corretores de confiança, e um bom corretor sabe quando indicar um consultor ao cliente que precisa de algo além da simples compra ou venda.
O mercado imobiliário é uma avenida de oportunidades, mas sem a orientação certa, o que parecia uma conquista pode virar um problema. E é justamente para evitar esse risco que existe a consultoria especializada.






